O Menino Azul, Filosofia e poética para a infância

Filosofia para crianças e adolescentes
Maria Helena Campos Pereira[i]
Arte poética é a expressão que remete, em primeiro lugar, para Aristóteles (384-322 a. C.) e para o seu conhecimento o tratado sobre a poesia. Ao que se pensa e julga saber, este tratado, composto na parte final da vida do autor, revela o caráter acromático de importância para parte do corpo textual aristotélico.
Uma das contribuições deste filósofo para o processo educacional foi a sua arte poética. E, assim surgiram outras poéticas com autores contemporâneos.
Assim como Aristóteles que teve como objetivo a organização das coisas no mundo, o poema abaixo de Cecília Meireles, também tem essa conotação, e tem contribuído significativamente nas reflexões filosóficas com crianças e adolescentes, ao enfatizar sobre a importância das posturas e valores éticos, e das comparações exixtentes no poema, no qual a autora faz de um burrinho com o ser humano, um burrinho que valoriza a natureza  e tenha posturas mais equilibradas e humanísticas.
                          
                           O Menino Azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
         mas que saiba conversar.
         O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
– de tudo que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar
histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Rua das Casas
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
     Reflexões
     A Filosofia para crianças e adolescentes é importante porque propicia a busca de respostas para suas perguntas, até mesmo no caso de crianças com 2 a 3 anos que já começam as fases do “o que?” “para quê”? “por quê?”, dessa forma, ela terá um esforço intelectual  e pensamento condizente para obtenção de uma análise metódica ou uma resposta adequada aos seus questionamentos.
     E este poema de Cecília Meireles nos leva a compreender a Filosofia como uma arte, em que não se quer dizer apenas uma coisa no texto expresso da literatura infantil, mas permite usar a imaginação e entender que a arte poética e a estética se complementam no caminho da subjetividade literária.
    Portanto, filosofar na infância é contribuir para que as crianças possam aprender a transcedência imaginativa de sua formação oral com destino à escrita.
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     Então, responda o que se pede e faça um texto coerente com a filosofia subjetivista contida no mesmo e com pensamentos transcendentais.

Sugestões para discussões em grupo:
1.  Por que o nome o Menino Azul?
2.  Que tipo de burrinho quer o Menino Azul?
3.  Será que podemos comprar esse burrinho?
4.  Se alguém encontrasse o burrinho tinha, como levá-lo para o Menino Azul?
5.  Na sociedade de hoje, que tipo de burrinho procuramos?
6. A admiração é um dos quesitos básicos para sermos bons filósofos, então, qual a parte do poema que mais implica no processo de admirar?


[i] Maria Helena Campos Pereira é professora de Filosofia para crianças e adolescentes. Mestre em Ciências da Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique Jose Varona / Havana / Cuba e Doutoranda em Educação pala Uma – Universidade da Madeira – UMa/Funchal / Portugal.

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