ARTE, FILOSOFIA E POÉTICA DA INFÂNCIA
A sandália que não era de cristal
Resumo
Este texto tem como objetivo apresentar a construção do conhecimento filosófico, a partir de ideias metodológicas que resultam em um aprendizado de interesse com os resquícios infantis que influem na idade adulta. Neste contexto, o educando se insere no mundo infantil para retratar os momentos que marcaram a sua vida infantil e a professora coordena a investigação empírica com todos os interessados para filosofar a arte poética da infância.
Palavras chave:
Arte, filosofia, poética, histórias de infância.
Introdução
A todo o momento, a vida nos ensina coisas inexplicáveis, somos obrigados a vivenciar cenas indesejáveis em diversos setores da sociedade. São momentos não planejados, mas, estes atordoados e angustiantes assuntos se transformam muitas vezes em verdadeiras obras de arte, que não deixa de ser assunto antro-poético, através de pessoas sensíveis e com a capacidade de profunda admiração, até mesmo com os mínimos detalhes. Dessa forma, é dever da escola ensinar a pensar, refletir e admirar, como diz Jostein Gaarder em “O Mundo de Sofia” para sermos bons filósofos é necessário aprender admirar. E a admiração é uma arte porque filosofar também se faz com a arte poética.
Poética e estética são grandes momentos da arte no ponto de vista filosófico, inaugurados por Platão e Aristóteles. A arte poética, obra de Aristóteles, assim foi denominada de poética, a arte da fala e da escrita, do canto e da dança, a poesia e o teatro e designada posteriormente por estética após o século XVIII. (CHAUÍ, p321)
Filosofar é pensar, refletir, criar, a criação é ativa e pode solucionar um conflito interior, a qual resulta num clímax de natureza emocional. A criação artística é uma forma de expressar o sentimento, este constrói a arte filosófica e arte de prosear pode destruir o sentimento. Então, filosofar é prosear sobre diversos assuntos, inclusive as emoções.
Nas escolas o cuidado com as emoções, com a reflexão sobre as emoções, falar sobre elas e as consequências de determinadas condutas para outras pessoas, isso tem que ser bastante promovido, parece ser uma medida urgente para minimizar a violência. E os professores não sabem tudo, até a criança pode saber colocar perguntas boas e geniais, pode inclusive descobrir novos fatos.
A Filosofia é um modo de pensar e exprimir pensamentos. (CHAUÍ, 1995 p.25). Portanto, a prosa e a linguagem fazem parte deste contexto em que a autora de, “A Sandália que não era de cristal,” exprime seus pensamentos, sentimentos e valores, com funções conotativas, indicativas ou denotativas. Assim como, a ilustração e o texto que representa aquele momento empírico e filosófico.
A Sandália que não era de cristal
Silvana Soares de Almeida Silva
Vinda de uma família muito humilde, onde o pai era pedreiro e a mãe lavadeira, não tive regalias e nem brinquedos. Minhas bonecas eram de bucha novinha que eu colhia no mato, aquela que se usa para tomar banho ou às vezes com sabugo de milho e caroço de manga dava para fazer o olho e boca com caneta preta, latas viravam panelas onde a terra e as folhas faziam parte das brincadeiras.