CORRUPÇÃO: DESESTRUTURA FAMILIAR E VIOLÊNCIA BRANCA
Maria Helena Campos Pereira[1]
Entre a massa dos sequestradores, o critério se inverteu, qualquer cidadão que não tenha sinais exteriores de pobreza torna-se um alvo potencial. (BALLONE, 2002) Nos dias atuais, observa-se a partir de noticiários em meios de comunicação que, os sequestradores já não importam muito com as pessoas de classe alta, a cada dia cresce o número de vandalismo e os processos brutais contra seres humanos, acredita-se na possibilidade de ser devido à necessidade de sobreviver, a carência por uma família estruturada ou pela desigualdade social, levando-os a bárbaros sequestros, como meio de sobrevivência ou por visualizarem uma vida com mais conforto. De acordo com Ballone (2002), “o sequestro, ao lado da perda de um filho é o pior trauma que se pode sofrer”. Percebe-se através desse comentário que o sequestro é muito doloroso e dramático e pode ser comparado à perda de íntimos familiares. A necessidade de sobrevivência pode instigar para que a violência cresça assustadoramente, e um dos motivos por esse constante aumento, são os sequestros, que assombram toda a população brasileira. O sequestrado leva para o resto da vida o trauma de estar preso em algum lugar, sofrendo torturas e ameaças. E esse trauma o leva a ter medo de tudo e de todos, envolve toda família que também passa a ter os mesmos medos e traumas. Os sequestradores não importam se é pobre ou rico, eles precisam ou querem o dinheiro e correm atrás da próxima vitima. Com isso, as comunidades vivem com famílias estilhaçadas, onde os pais, sobrevivente das tragédias, suplicam por paz para que possam cuidar dos filhos. E, aquelas famílias traumatizadas, passam a implorar pela paz e segurança, daí a população começa a se conscientizar, a respeito da educação dos filhos, como pessoas dignas, respeitando o próximo, como também estar a cada dia, mais unida com a sociedade na colaboração com planos para combater esse tipo de crime, que muitas vezes pode destruir famílias inteiras. A erradicação dessas ações bárbaras e da violência assustadora é fundamental, porque nenhuma pessoa, independente da classe social está vivendo em paz, mas, acredita-se ainda, na possibilidade de um futuro, onde os filhos possam viver e conviver com segurança. Em casos de agressões familiares, nas entrevistas com pessoas do grupo de ansiedade e stress, numa das instituições educativas pesquisadas, notou-se que em alguns momentos pode haver um silêncio da vitima. Ela esconde sua dor, seu sofrimento, até a decisão de romper com a violência ou até mesmo morrer nas mãos do agressor. Entretanto, quando uma pessoa vem sofrendo constantemente com a violência, esta, nunca se sabe o que fazer e nem a quem recorrer, porque é mais fraca e submissa ao seu agressor, e também, ao saber de denúncias, ele pode repetir o ato, tomando decisões ainda mais trágicas e até tirar a vida do agredido. O mundo vive um grande desespero por causa desses problemas que se alastram a cada dia. Com esta desumanidade, já não se tem segurança da própria vida, por causa de certos indivíduos que não valorizam sua existência e a trocam-na por tão pouco. Índices de pesquisas da Folha de São Paulo e Rio mostram que acidentes matam muitas pessoas a cada momento como o caso do jovem Gustavo na madrugada do dia 13/03/2002 e muitos outros que é impossível nomear em tempos atuais. Entende-se que a velocidade, a imaturidade e o álcool são grandes causadores da violência de trânsito, acredita-se na falta de conhecimento das leis, na imprudência ao dirigir, na correria diária para o trabalho, no cansaço físico, no sono e outros, assim, o ser humano abusa ao ultrapassar os sinais e desrespeita as placas de sinalização, não valorizam a vida, e faz da direção um caminho fatal. Pesquisas nos informam que a cada minuto morre uma pessoa no trânsito, isto devido a bebida alcoólica que provoca o descontrole emocional e pode causar a morte. (Cidade Alerta) Tomar conhecimento destes fatos e procurar orientar os jovens sobre esta gravíssima causa é de suma importância, assim como, orientar a comunidade sobre a participação em projetos de conscientização que possam promover ações para minimizar o problema. Adicionando a isso, a violência branca, em que não se derrama sangue, também pode ser igualmente terrível, na forma de doenças da sociedade, aliada à fome, à miséria, ao descaso. Então, pergunta-se, o que o cidadão comum pode fazer para diminuir o próprio sofrimento e o de seus semelhantes? Heleieth Saffioti (1997), relata em seu texto que o cidadão vive hoje em uma sociedade sem expectativa, com medo, procurando solução para os problemas da igualdade social. Ela enfatiza o acordar para a realidade, abandonar o descaso, e com o olhar crítico, ver a fome e a miséria que violentamente fere a grande massa popular e as ações caracterizadas como manifestações de violência, as quais abarcam frequentemente uma gama de comportamento. A violência “branca” ultrapassa o limite da agressão física, ao admitir uma violência de caráter psicológico e moral, até mesmo o tráfico de drogas, de órgãos para transplante, de crianças e a famosa lavagem do dinheiro público podem estar inseridos nesse tipo de violência. Poucos se preocupam, no entanto, este tipo de violência, é mais sutil, ela não é percebida por todos, ou apenas resulte de “uma coisa natural”, não intencional. Embora todos falem de paz, os homens vivem se armando. Há violência em todas as cidades, não importa se é metrópole ou não. Não se sabe o que fazer para acabar com esse mau que tem sido preocupação de muitos. A falta de diálogo, as restrições, a ambição incontrolável e a incrível sede de domínio econômico e político podem estar contribuindo para um caminho aparentemente sem retorno. Será que os projetos políticos pedagógicos fundamentados na multi, pluri, trans e interdisciplinaridade, não poderão contribuir com o desenvolvimento de comunidades mais disciplinadas e harmônicas? Acredita-se que a partir de planejamentos cooperativos, onde o acolher e regatar valores possam ser os melhores caminhos para se evitar brigas, ameaças e depredações, pois educação se faz com o compromisso e a união de todos. A união pode minimizar competições e promover mudanças no meio em que se vive, porque a vida corre risco a todo o momento. Pergunta-se então: O que os homens entendem de paz? A droga e a prostituição são as causadoras da violência? Qual é a paz que eles procuram? Dizem que a paz é como chama, embora silenciosa é ativa e apressa principalmente quando o silencio é cruel. Ela insiste fundamentalmente, quando precisa mudar certos fatos, a paz não significa não fazer nada contra, mas, fazer tudo para o bem de todos. Lutar contra a corrupção, a favor da justiça, do amor, da democracia e do plano cooperativo pode constituir um dos melhores caminhos para se resolver os males que afetam a humanidade.
Referência
VALLADARES, Ricardo. O Brasil ensanguentado. Revista Veja. Mês/Janeiro. nº 04. Ed. Abril. P. 90. São Paulo, 2002 BALLONE. Geraldo. Professor da PUC da Campinas, São Paulo. Revista Veja. Ed. Abril, 2002. P. 41 nº 06. PEREIRA, Paula e outros. Códigos fora da lei. Rio de Janeiro – Ed. Globo, 2001 – ano lll, P. 77, nº 155. GOMES, Marlene Baltazar da Nóbrega. Violência intra familiar. EM. Revista Visão Missionária. P. 25, nº 2 – 2º TRI 2002. Revista Isto É, nº 1093, ano 2002. SAFFIOTI, Heleieth. Violência em debate. Ed. 1ª. São Paulo. Moderna, 1997 – P. 20. PELLEGRINI, Denise. Revista Nova Escola. Mês/ maio. P. 16, ano: 2002.
1] CAMPOS, P. Maria Helena. Corrupção: desestrutura familiar e violência branca. Este texto é uma produção coletiva com acadêmicos do Curso de Pedagogia da Faculdade de Mantena- FAMA, num exercício de trabalho participativo com temas de interesse e contextual. Mantena, Minas Gerais: FAMA, 2003/2016.