FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
LUAS E ESTRELAS ESPECIAIS, ANALOGIAS FILOSÓFICAS.
                                                                                     Maria Helena Campos Pereira
O texto Luas e Estrelas Especias, Analogias Filosóficas foi elaborado com base no poema de   Paulo Leminski Filho após o desenvolvimento de uma aula para graduandos do curso de Pedagogia na Faculdade Presidente Antônio Carlos e que houve uma boa participação dos envolvidos. 
           
                 A lua foi ao cinema[1]
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
(fig.                        Era uma estrela sozinha,
                             ninguém olhava para ela,
                             e toda a luz que ela tinha
                             cabia numa janela.
                    A lua ficou tão triste
                    com aquela história de amor,
                    que até hoje a lua insiste:
                    – Amanheça, por favor!
Análise filosófica[2]
                                             
1.1.  Conteúdo: Falar da importância da subjetividade x arte poética desde Aristóteles;
1.2.  Apresentar o poema em data show ou impresso;
1.3.  Solicitar que discutam em dupla o poema fazendo a metáfora do mesmo para a vida de cada um;
1.4.  Em seguida entregar a versão impressa do comentário* feito pela professora.
1.5.  Questionar:
.. É possível a lua ir ao cinema?
.. Que tipo de filme estava passando?
.. Por que a estrela não tinha namorado e como uma estrela pode namorar?
.. Por que as pessoas não tinham pena da estrela?
.. Onde cabia a luz da estrela?
.. Qual é a insistência da lua hoje e por quê?
1.6.     Lua e Estrela, analogias filosóficas [3]  
A luz da estrela está dentro de cada um de nós.
Lua e estrelas somos nós, sujeitos do mundo, que devemos estar conscientes e em harmonia com o mundo.
A lua possuía uma visão planetária ampla de tudo a sua volta. A estrela tinha um brilho menor e não apresentava a mesma visão que a lua.
Ao observarmos a metáfora do poema, a lua pode ser uma pessoa engrandecida com o seu EU, seus conhecimentos e sentimentos, que obteve um enorme brilho, mas capaz de diminuir qualquer outro ser à sua volta, que de tão bela e perfeita a lua se achava, e, acabava desmotivando as estrelas que a cercavam. É assim na vida real, uns brilham mais que os outros, entretanto, não significa que todos não alcancem o seu brilho especial.
Existem pessoas assim como a lua, não se valorizam, não curtem o melhor da vida, vivem sempre apagadas, não se abrem para as oportunidades que vão surgindo e estão sempre fechadas para o novo.
A lua tinha uma ‘cabeça bem feita’[4], não se deixava levar pelos rótulos de filmes e por conversas alheias. Ela conseguiu analisar a essência do filme e com a sua liberdade, soube escolher e se comover, no entanto, mesmo com o filme engraçado, a lua se entristeceu.
E a estrela também tinha a cabeça bem feita porque mesmo sem namorado e com tantas circunstâncias ruins, ela continuava a viver e brilhar, ainda que sua luz fosse pequena e só desse para preencher uma janela.
Em continuidade às análises metafóricas, a lua poderia ser o próprio autor assistindo a sua história pessoal no cinema da vida, uma estrela pequena e com pouca luz. E ao analisar sua situação, ele se entristeceu e sentiu pena de si mesmo, que sem conseguir sair das más circunstâncias, ele vive solicitando que amanheça logo, em busca de um novo tempo.
Por outro ângulo, a lua tem uma cabeça bem feita, por se preocupar com o problema alheio, ao mostrar que ela era capaz de tomar decisão, já a estrela era estagnada, não demonstrava seu valor, não transmitia seu brilho, nem sua luz resplandecente. Todavia, a lua pode ser vista como as pessoas que se destacam e transmitam o seu calor humano, que são referência, não pelo que têm, mas pelo que são e também, pelo poder de transformar o ambiente em que vive nos momentos agradáveis.
Por outra análise, as estrelas podem ser aquelas pessoas que vivem em suas “conchas”, não transmitem alegria, nem confiança e amor aos outros. São em sua maioria, egoístas e mesquinhas, não exalam nenhum perfume e se refugiam em seu mundo.
Pode-se refletir que, tanto a lua quanto a estrela podem ser nós em momentos diferentes de nossa vida.
Quantas vezes somos como a lua, que ao ver uma situação ruim de alguém, a princípio nos comportamos como em um cinema, vendo, rindo e falando do problema do outro, ou até percebemos bem o problema vivido pelo outro, no entanto, não sentimos compreensão, nem compaixão. E às vezes somos como a estrela, nos sentimos sós, sem brilho e muito tristes.
A vida é mesmo assim, cheia de altos e baixos, com muitos pontos e muitas reticências… … mas, vale a pena participar de seu filme particular e especial, ir ao cinema, assistir as histórias e os cenários da vida e da humanidade.
              Somos assim, Luas e Estrelas especiais, com todo nosso querer e a capacidade de ser feliz.
Obs: Este poema pode ser usado em aulas de:
1. Filosofia para crianças e adolescentes
2. Literatura Infantil e Infanto Juvenil
3. Alfabetização e letramento
4. Arte e Cultura


[1] Poema de Paulo Leminski Filho (PR 1944 — PR 1989). Escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro. Era, também, faixa – preta de judô.
[2] Maria Helena Campos Pereira é professora de Filosofia para crianças e adolescentes, no curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos, cidade de Governador Valadares ( 2009/2012)
[3]  CAMPOS Pereira, Maria Helena. Luas e Estrelas especiais, analogias filosóficas. Governador Valadares: FUPAC, 2012
[4] Cabeça bem feita, é o nome de um dos livros de Edgar Morin (2010).

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