“MILITAS DE AR” [1]

          
Recordo-me com muito brio
Do período ‘militas de ar’
Foram muitas noites de frio
Sem reflexo do luar
Papai, mamãe me diziam.
Cuidado com os contos de lá
A censura está por aí
Perigoso meu filho é falar
 Podridão sempre houve e haverá
                                                               Meretrizes também existiam
                 Mas, as casas noturnas eram próprias
                 P’ros momentos de poligamia
Vou contar p’ra vocês o que sinto:
Neste tempo era angústia e pavor
Todo mundo amava e sofria,
Mas, romance era com muito amor.
Os amantes se emudeciam
Ao reflexo de luar
Eram flertes e juras de amor
Que faziam o sujeito sonhar
Rapazinhos e moças faceiras
Brincavam de pique ao luar,
Mas, no ato desta brincadeira
Brincavam também de amar.
Recordo-me com muito frio
Dos tempos outrora de lá
Eram abraços e beijos calientes
Que faziam do amor um manjar.
Aos sábados, os amigos se viam
Incapazes de se comunicar
Timidez era a lei das mulheres
Não podiam se declarar
                          
  Os  amantes emudeciam
 ao saltitar da ‘bomba emoção’
 com códigos se comunicavam,
 o que dizia o coração! 
Com muito calor e brio
Ainda vivo a recordar
Foram muitas noites de frio
No período militas de ar.
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Obs: O sentimento constrói a arte, a arte destrói o sentimento.
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[1] CAMPOS, P. Maria Helena. Militas de ar. Composição poética elaborada e declamada no Projeto Decola Inhapim: FAESI – Faculdade de Inhapim, 07 de novembro de 2004.

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