Arquivo mensais:fevereiro 2012

FILOSOFIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
LUAS E ESTRELAS ESPECIAIS, ANALOGIAS FILOSÓFICAS.
                                                                                     Maria Helena Campos Pereira
O texto Luas e Estrelas Especias, Analogias Filosóficas foi elaborado com base no poema de   Paulo Leminski Filho após o desenvolvimento de uma aula para graduandos do curso de Pedagogia na Faculdade Presidente Antônio Carlos e que houve uma boa participação dos envolvidos. 
           
                 A lua foi ao cinema[1]
A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!
(fig.                        Era uma estrela sozinha,
                             ninguém olhava para ela,
                             e toda a luz que ela tinha
                             cabia numa janela.
                    A lua ficou tão triste
                    com aquela história de amor,
                    que até hoje a lua insiste:
                    – Amanheça, por favor!
Análise filosófica[2]
                                             
1.1.  Conteúdo: Falar da importância da subjetividade x arte poética desde Aristóteles;
1.2.  Apresentar o poema em data show ou impresso;
1.3.  Solicitar que discutam em dupla o poema fazendo a metáfora do mesmo para a vida de cada um;
1.4.  Em seguida entregar a versão impressa do comentário* feito pela professora.
1.5.  Questionar:
.. É possível a lua ir ao cinema?
.. Que tipo de filme estava passando?
.. Por que a estrela não tinha namorado e como uma estrela pode namorar?
.. Por que as pessoas não tinham pena da estrela?
.. Onde cabia a luz da estrela?
.. Qual é a insistência da lua hoje e por quê?
1.6.     Lua e Estrela, analogias filosóficas [3]  
A luz da estrela está dentro de cada um de nós.
Lua e estrelas somos nós, sujeitos do mundo, que devemos estar conscientes e em harmonia com o mundo.
A lua possuía uma visão planetária ampla de tudo a sua volta. A estrela tinha um brilho menor e não apresentava a mesma visão que a lua.
Ao observarmos a metáfora do poema, a lua pode ser uma pessoa engrandecida com o seu EU, seus conhecimentos e sentimentos, que obteve um enorme brilho, mas capaz de diminuir qualquer outro ser à sua volta, que de tão bela e perfeita a lua se achava, e, acabava desmotivando as estrelas que a cercavam. É assim na vida real, uns brilham mais que os outros, entretanto, não significa que todos não alcancem o seu brilho especial.
Existem pessoas assim como a lua, não se valorizam, não curtem o melhor da vida, vivem sempre apagadas, não se abrem para as oportunidades que vão surgindo e estão sempre fechadas para o novo.
A lua tinha uma ‘cabeça bem feita’[4], não se deixava levar pelos rótulos de filmes e por conversas alheias. Ela conseguiu analisar a essência do filme e com a sua liberdade, soube escolher e se comover, no entanto, mesmo com o filme engraçado, a lua se entristeceu.
E a estrela também tinha a cabeça bem feita porque mesmo sem namorado e com tantas circunstâncias ruins, ela continuava a viver e brilhar, ainda que sua luz fosse pequena e só desse para preencher uma janela.
Em continuidade às análises metafóricas, a lua poderia ser o próprio autor assistindo a sua história pessoal no cinema da vida, uma estrela pequena e com pouca luz. E ao analisar sua situação, ele se entristeceu e sentiu pena de si mesmo, que sem conseguir sair das más circunstâncias, ele vive solicitando que amanheça logo, em busca de um novo tempo.
Por outro ângulo, a lua tem uma cabeça bem feita, por se preocupar com o problema alheio, ao mostrar que ela era capaz de tomar decisão, já a estrela era estagnada, não demonstrava seu valor, não transmitia seu brilho, nem sua luz resplandecente. Todavia, a lua pode ser vista como as pessoas que se destacam e transmitam o seu calor humano, que são referência, não pelo que têm, mas pelo que são e também, pelo poder de transformar o ambiente em que vive nos momentos agradáveis.
Por outra análise, as estrelas podem ser aquelas pessoas que vivem em suas “conchas”, não transmitem alegria, nem confiança e amor aos outros. São em sua maioria, egoístas e mesquinhas, não exalam nenhum perfume e se refugiam em seu mundo.
Pode-se refletir que, tanto a lua quanto a estrela podem ser nós em momentos diferentes de nossa vida.
Quantas vezes somos como a lua, que ao ver uma situação ruim de alguém, a princípio nos comportamos como em um cinema, vendo, rindo e falando do problema do outro, ou até percebemos bem o problema vivido pelo outro, no entanto, não sentimos compreensão, nem compaixão. E às vezes somos como a estrela, nos sentimos sós, sem brilho e muito tristes.
A vida é mesmo assim, cheia de altos e baixos, com muitos pontos e muitas reticências… … mas, vale a pena participar de seu filme particular e especial, ir ao cinema, assistir as histórias e os cenários da vida e da humanidade.
              Somos assim, Luas e Estrelas especiais, com todo nosso querer e a capacidade de ser feliz.
Obs: Este poema pode ser usado em aulas de:
1. Filosofia para crianças e adolescentes
2. Literatura Infantil e Infanto Juvenil
3. Alfabetização e letramento
4. Arte e Cultura


[1] Poema de Paulo Leminski Filho (PR 1944 — PR 1989). Escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro. Era, também, faixa – preta de judô.
[2] Maria Helena Campos Pereira é professora de Filosofia para crianças e adolescentes, no curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos, cidade de Governador Valadares ( 2009/2012)
[3]  CAMPOS Pereira, Maria Helena. Luas e Estrelas especiais, analogias filosóficas. Governador Valadares: FUPAC, 2012
[4] Cabeça bem feita, é o nome de um dos livros de Edgar Morin (2010).

ASTROS NA SUBJETIVIDADE E A INFINITA PELE DA NOITE
 Maria Helena Campos Pereira
Resumo
Este texto tem como objetivo discutir a questão da subjetividade, a partir da construção de um conhecimento filosófico fundamentado nos astros para melhor entendimento dos leitores a respeito do subjetivo. Fundamentou-se em filósofos idealistas como J.J. Rosseau, ao defender a comunicação com o foco da Filosofia da Linguagem e Morin (2002), com sua crítica ao conhecimento fragmentado.
Palavras chave: lua, sol, terra, dia, céu.

Introdução
O mundo contemporâneo pode ser considerado bem mais racionalista devido aos enormes problemas enfrentados pela sociedade. Por isso, resolve-se discutir a questão da construção do conhecimento filosófico, a partir da composição criativa e subjetiva com os jogos imaginativos que são influenciados pelos astros e o infinito. Astros na subjetividade são conjuntos de ideias que surgem de pensamentos transcendentes a partir da liberdade de ação, ao fruir a imaginação criadora. Nesta composição os acanhados ou magnos filosóficos podem ouvir o silêncio, a inquietude do mundo ou os batuques e fanfarras da vida. E então, a mente me espraia em movimento e o cérebro dialoga com meus eus, com a inteligência, os sonhos e as fantasias.

A inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, disjuntiva e reducionista rompe o complexo do mundo em fragmentos disjuntos, fraciona os problemas, separa o que está unido, torna unidimensional o multidimensional. (MORIN, 2002)


Com estas concepções de Morin, faz-se necessário refletir que o conhecimento não se deve tornar um compartimento de palavras soltas no contexto da aprendizagem, mas que ele possa se globalizar e interconectar. Por isso, as composições filosóficas, intitulada astros na subjetividade e a infinita pele da noite, tem como finalidade interagir o pensamento objetivista com o subjetivista, a partir das palavras chaves: lua, sol, terra, dia e céu, a pele da noite.

Se não recomenda um conhecimento fragmentado, a informação mais profunda a respeito dos astros pode ser construída com um ensino interconectado, do objetivista ao subjetivista. O pensamento objetivista é realista, por isso é fácil de pesquisar, encontra-se em diversas literaturas, mas o subjetivo se insere no íntimo de cada pessoa, e se relaciona aos seus sentimentos, valores culturais, educativos e experiências vivenciadas.

Portanto, há que se ensinar e orientar, o real e o transcendental no mundo das coisas, dos objetos, dos astros e dos diversos seres da natureza. Mesmo porque, a Filosofia é a capacidade e possibilidade de conhecer, de pensar em ordem superior. E sala de aula tem que ser lugar pensamento, de fazer jogos cooperativos e de imaginação. É lugar da arte, dos poemas, poesias e filosofias.
Definições subjetivas
Talvez definir nem seria a terminologia adequada a esta etapa textual, mas uma composição filo-linguística, com representações sentimentais e ao mesmo tempo, realística do universo astral.    
Lua, ternura transcendental

A lua me leva a devaneios de alegria, alivia o meu calor, ilumina e me acalma em meio à escuridão, irradia com o seu brilho e me faz sonhar, alegra a noite que me contagia e encanta com sua magia, ilumina a minha alma com seu brilho e luz.
E como dizia Vicente Celestino, com sua evidente voz: “Noite alta, céu risonho, a quietude é quase um sonho. O luar cai sobre a mata, qual chuva de prata clareando a solidão.” Assim como Celestino, em meus devaneios, posso acreditar que a lua ilumina a noite de fulgor  e me faz ficar serena para que depois de um dia atribulado, eu possa repousar no esconderijo e aconchego do lar, recarregada de energias, afago e de ternura transcendente.
E ainda, Orlando Silva com jeito especial contaminava as gerações ao soluçar: “A noite estava assim enluarada, quando a voz já bem cansada, eu ouvi do trovador, falava de um beijo apaixonado, de um amor desesperado, que tão cedo teve fim”.
Contudo, “a porta do barraco era sem trinco, mas a Lua furando o nosso zinco salpicava de estrelas nosso chão. Tu pisavas os astros, distraída, sem saber que a aventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão”.
A Lua é visão transcendental, é poesia, é amor que não há igual!



Sol, energia vital

O sol é abrasador, me enaltece, aquece e irradia de amor, transmite energia vital a todos e abrilhanta todos os dias, aquece com seu calor, esquenta o dia que dá até fervura, aquece com sua brandura e seu calor, irradia-me de esperança e queima com alegria… Ele acende, torna os dias quentes e cheios de vivacidade. Seu calor é irradiante ao dar ânimo ao corpo e movendo as engrenagens do pensar.

Este astro que prefiro está no raiar da manhã, quando nas bordas do horizonte, chega bem de mansinho e faz da relva molhada pelo sereno da madrugada, o brilho da poesia e a cor da melodia. 
Terra, vida nas entranhas
A terra me aconchega em suas entranhas, acolhe e fornece abrigo e me faz entender quem sou eu, expressa a criação divina, demonstra grandezas radiantes, dá-me energia, faz ficar mais bonita e expõe as belezas influenciando o amor. Aprofunda o meu conhecimento, retorna-me à realidade, coloca obstáculos para que eu possa crescer sem agredi-la, firma o meu caminhar e guia-me por caminhos nunca vistos. E com o seu subsídio, a vida nasce em suas entranhas.
Dia, acalanto de meu ser
O dia me estimula a ter sempre mais alegria, inquieta a espera do teu amor, apresenta-me à realidade da vida e às novas esperanças. Incentiva a buscar, conquistar objetivos e me dá muita energia, irradia-me de amor, aconselha com sua luz, me enche de saudades… Me chama a trabalhar, desperta para a vida e acalanta o meu ser.
Céu, infinita pele da noite 
O céu, infinita pele da noite, que cobre e me enche de esperança, acolhe e fornece abrigo, que me envolve e ilumina com seu esplendor, faz sentir liberdade e me acalma diante do seu imenso azul, transmite paz e tranquilidade, fortalece o meu ser e faz sentir realmente a presença de Deus e o cumprimento das palavras do Pai Celestial. Ele brilha a minha face com serenidade, enche e cobre-me com o envolvimento de seu esplendor, de esperanças e de sonhos. É a infinita pele da noite.
Ideias conclusivas
A subjetividade é um dos fundamentos filosóficos que pode ser compreendido no mundo das ideias peculiares, ou seja, no universo dos idealistas. E neste caso específico do texto, “Astros na subjetividade e a infinita pele da noite”, ele pode ser inserido na teoria do conhecimento como interesse pela consciência reflexiva, a modalidade de percepção do espaço, da realidade e da subjetividade ilusória e sonhadora.
Esta reflexão filosófica também se insere no campo da Filosofia da Linguagem, por se tratar de uma construção filosófica com elementos de figuras estilísticas, que se conectam a causa formal com a causa final, seus predicados e predicativos.
E de acordo com filósofos idealistas como J.J. Rosseau, a Linguagem surge de uma profunda necessidade de comunicação. Neste contexto, a linguagem subjetiva faz parte do interesse e linguagem criativa da autora e de sua necessidade de expressar ideias transcendentais de sonhos e fantasias.

Portanto, dialogar com os astros é uma tônica forte nesta sua escritura na qual, ela considera que, os astros têm o poder de sublimar! E assim, Sol, Céu, Lua, Terra e Mar, o importante é que o amor é infinito, sublime e subjetivo, mas em qualquer língua ou lugar, o mundo todo ouvirá, até mesmo na infinita pele da noite.

Referências 



CHAUÍ, Marlena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
MORIN, Edgar. A Cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 18ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 128p
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3a. ed. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2002



INTERESSE: CONHECER AS MANHAS E AS MANHÃS
     Maria Helena Campos Pereira
Conhecer as manhas e as manhãs é uma metáfora utilizada para ilustrar a forma de  abordagem com um diagnóstico, no qual se insere os assuntos educativos, a partir de temas de interesse. Entende-se que educar com esta metodologia requer uma visão curricular globalizadora, com intercâmbio de ideias e conhecimentos inter, pluri e multi e transdisciplinares porque é necessário se dispor a conhecer melhor seu aluno, como também os temas dos quais ele tem vontade investigar e compreender. Isto pode causar em muitos mestres, a sensação de insegurança por não dominar todos os assuntos, mas acredita-se que é possível realizar pesquisas de acordo com cada temática. Não resta menor dúvida que pode ser mais trabalhoso devido ao planejamento das ações que requer uma análise individual de cada assunto, como também, um plano cooperativo e dialógico, do que se pretende conhecer no global para atender assim, as expectativas dos investigados, quer na concepção individual, bem como, no aproveitamento globalizador do grupo de aprendizes.
Os temas de interesse são organizados como geradores (Freire, 2000) e se transformam em objetos de estudos e pesquisas, assim como, trocas de experiências práticas e teóricas, para isso, exige-se a eliminação do individualismo, em busca da parceria com o refletir coletivo. E assim, metodologia básica está condicionada à prática dialética constante e contínua, na construção da democratização do saber, provocando a multiplicidade de agir e pensar, a influência e estímulo para um operar participativo, por liderança e pensamento filosófico, que difere do pensamento hierárquico linear.
O propósito desta compreensão e prática educativa é suscitar o desejo de aprender com alegria natural, a partir do objeto de estudo, bem como, o aprender a aprender. Assim, pode-se dizer que se constrói uma postura inovadora, com práxis curricular, que difere dos currículos e práticas tradicionais. Visto que, desta maneira, compartilha-se ideias, hipóteses, contextualiza-se negociações com o inter-relacionamento de pessoas e processos.
E no entendimento de teóricos como Hernandez (1998), esta é uma ponte para as organizações mais dinâmicas e flexíveis como as circulares ou de redes, que não só preocupam com a pura transmissão do conhecimento, todavia realizam uma leitura da realidade e das transformações que ocorrem na escola, sociedade e no mundo.
A organização educacional nesta concepção educativa se institui, informa, teoriza conceitos numa verdadeira atividade de interação grupal. Assim, pode-se dizer que a escola preocupa-se com um novo contexto social e investiga novos paradigmas com ação, reflexão e ação para o avanço na construção dos conhecimentos. É necessário para isso, a redefinição de papéis dos diferentes agentes internos e externos, no amplo processo educacional. E a instituição elabora sua missão e visão educativa com a participação de todos os envolvidos, mesmo que esta tenha características diferenciadas, como aquelas que recebem alunos advindos de instituições especiais e de regime semiaberto de detenção.
Para tanto, busca-se desenvolver continuamente a identificação e observação dos investigados, bem como, os avanços de resultados e análise de problemas gerais com a participação cooperativa e consensual para as possibilidades de minimizá-los ou erradicá-los. Espera-se que desta forma haja um desenvolvimento intelectual e crescimento pessoal permanente, e que a escola possa ser um local de estudo, de avaliação dimensionada, de evolução contínua do pensamento, com análises conjuntas para replanejamento de sucessivas melhorias em relação aos aspectos psicobiológicos dos aprendizes. Com isso, ainda com as expressões metafóricas de Almir Sater e Renato Teixeira vamos tocando em frente.
 
Conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs, é preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir. É preciso chuva para florir. …(…) Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega, no outro vai embora, cada um de nós compõe a sua história, e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.(1)
Então, para que se consiga imagens e construções fundamentadas em aspectos psicobiológicos de aprendizes, em educação básica ou em regime carcerário semiaberto, onde se busca uma investigação educativa, a partir dos temas de interesse, requer ‘conhecer as manhas e as manhãs’ com diagnóstico contínuo na prática de observação e participação-ação. E para isso é preciso amor pra poder pulsar, onde cada um compõe a sua história, com o dom de ser capaz e a possibilidade de ser feliz, pois como diz Maturana (2001),[2] 
Todo ato humano ocorre na linguagem. Toda ação na linguagem produz o  mundo que se cria com os outros, no ato de convivência que dá origem ao humano. Por isso, toda ação humana tem sentido ético. Essa ligação do humano é, em última instância, o fundamento de toda ética como reflexão sobre a legitimidade da presença do outro.(2)

Então, entende-se que é no ato de convivência com outros que pode ser possível descobrir o que se deve ensinar e o que se deseja aprender, por isso, é imprescindível que todo ato humano que ocorre na linguagem, onde gera uma ação humana seja com sentido respeitoso e posturas éticas. Mesmo porque não é fácil conhecer as manhas e nem as manhãs. No entanto, o educar é um eterno conhecer e conviver, e a formação humana depende desta convivência.
Portanto, para se conseguir imagens e construções fundamentadas em aspectos psicobiológicos dos aprendizes da educação básica ou em regime carcerário semiaberto, em que se busca uma investigação educativa, a partir dos temas de interesse, requer ‘conhecer as manhas e as manhãs’ com diagnóstico contínuo na prática de observação e participação-ação. É preciso amor pra poder pulsar, e assim, cada um compõe a sua história, com o dom de ser capaz e a possibilidade de ser feliz.

[2]  MATURANA, Humberto R. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001p.269.

[1]  Fragmento da musica ‘Tocando em Frente’ .Autoria de  Almir Sater  & Renato Teixeira.

ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/2011

A EXISTÊNCIA DA ÉTICA NA GESTÃO EDUCACIONAL PÚBLICA
Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/ 2011
Prof. Maria Helena Campos Pereira

Resumo
Este texto tem como objetivo relatar uma investigação a respeito da existência da Ética nas instituições  públicas  do Vale do Rio Doce para que as alunas do Curso de Pedagogia possam se inteirar dos temas de interesse e assuntos graves, urgentes e tendenciais no contexto da rotina educacional. A partir de então, propor alternativas metodológicas que contribuam com as melhorias no campo educativo. Fundamentou-se nas concepções de Chiavenato (2004), quanto à administração dos novos tempos, em Libâneo (2011), no que diz respeito às políticas, estrutura e organização da educação escolar. E para alcançar os objetivos propostos realizou-se a investigação-ação com levantamento das dificuldades enfrentadas pelas instituições educativas.
Introdução
Entende-se que nestes tempos contemporâneos, com a desestrutura familiar devido a busca contínua por bens materiais em outros países, assim como, o avanço da tecnologia e o desenvolvimento precário em diversas regiões brasileiras, tem causado certa revolta na população, daí surgem os vândalos e outras diversas ações brutais no campo social e obviamente ‘nas micros e macros’ sociedades. As organizações educativas públicas tem sido a maior vitima dos problemas sociais, talvez por ser uma instituição que recebe o público em geral e não tem condição de construir as suas normas específicas, pois tudo depende da máquina governamental, que mesmo sendo normatizada pela Lei da Democracia, no Artigo 1° da Constituição Federativa do Brasil, nem todos conseguem mudar as ações que são impostas pela máquina estatal.
Até mesmo a gestão dos processos educativos, que deveria lutar por uma liderança  eficaz com transparência, poderia ter ações mais éticas com formas de trabalhos democráticos, são na maioria das vezes autocratas, injustas, utilizam avaliações  de desempenho com julgamentos pouco cuidadosos. Isto pode causar muitas vezes a falta de respeito entre os profissionais da educação e consequentemente, ser perceptível aos olhos dos educandos e familiares. Em consequência surge a indisciplina, a violência, o bulling dentre outros.
Dessa forma, este texto tem como objetivo realizar uma investigação a respeito da existência da Ética nas instituições públicas do Vale do Rio Doce para que as alunas do Curso de Pedagogia possam se inteirar dos temas de interesse e assuntos graves, urgentes e tendenciais no contexto da rotina educacional. E a partir de então, propor alternativas metodológicas que contribuam com as melhorias no campo educativo. Fundamentou-se para isso, nas concepções de Chiavenato (2004), quanto à administração  dos novos tempos, em Libâneo (2011), no que diz respeito às políticas, estrutura e organização da educação escolar. De acordo com este autor,
A escola é local do trabalho docente, e a organização escolar é espaço de aprendizagem da profissão, no qual o professor põe em prática suas convicções, seu conhecimento da realidade, suas competências pessoais e profissionais, trocando experiências com os colegas e aprendendo mais sobre o seu trabalho. O professor participa ativamente da organização do trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos alunos. (LIBÂNEO, 2011 p.307)
Então, se existe uma coparticipação entre a gestão e os profissionais da instituição educativa, faz-se necessário o incentivo ao trabalho em equipe e coletivo porque quando há união coparticipante, o compromisso é maior e o ensino da compreensão pode ter maior significado.
E de acordo com os fundamentos de Chiavenato (2004), o mundo está mudando com uma velocidade espantosa e as organizações também. Por isso, os novos tempos exigem novas posturas e novas soluções para os problemas que, cada vez mais, envolvem diagnóstico, criatividade e inovação, comprometimento das pessoas, e fundamentalmente, competência, liderança, comunicação e motivação. Para tanto, faz-se necessário uma gestão menos autocrata, mas com democracia, onde o diálogo possa ser o método utilizado por todos para que possam esboçar e alcançar os objetivos e metas propostas.
E para alcançar os objetivos desta pesquisa realizou-se a investigação-ação com observação, análise e diálogo paralelamente ao levantamento das dificuldades enfrentadas pelas instituições educativas e com a dinâmica pedras e luzes, a qual tem por fundamento básico diagnosticar os problemas, que são representados pelas pedras, e apresentar as possíveis soluções para estes problemas, as quais são representadas pelas luzes.
Metodologia e resultados
Em um primeiro momento, a professora de Gestão de Processos Educativos do curso de Pedagogia iniciou os trabalhos com uma dinâmica intitulada por ela de Pedras e luzes, com a qual os acad6emicos tiveram a oportunidade de levantar os problemas contextuais, discutir em grupo e apresentar as possíveis soluções para os pontos de melhoria das escolas públicas onde trabalham.   A metodologia utilizada no contexto do trabalho foi a observação, análise, participação em reuniões e questionamentos a respeito dos assuntos. O diálogo como método fundamental esteve presente nas diversas ocasiões.
Ética na gestão pública: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/ 2011

Este gráfico representa uma pesquisa realizada com acadêmicos do 7° período do Curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos – Fupac de Governador Valadares, onde se indagou uma amostra de 28 pessoas, da população de 31 acadêmicos investigados, no 2° semestre do ano de 2011.
Como se pode verificar, a indisciplina aparece no topo da pesquisa representando 64% dos problemas vividos na escola, a violência com uma equivalência de 47%, o desrespeito significa um percentual de 32%, a falta de Ética e de qualificação profissional equivalem a 21% dos pontos de melhoria na gestão escolar.
Mas, se somarmos o percentual de violência com 47%, a falta de respeito equivalente a 32 %  e os aspectos não éticos com 21%. A existência da Ética, ou seja,  a percepção dos acadêmicos do Curso de Pedagogia quanto aos conceitos não Éticos na gestão escolar seria equivalente a 100% das dificuldades enfrentadas.
Isto significa que os demais problemas, como o desinteresse de alunos e professores, as metodologias arcaicas e os demais como a falta de cooperação, o companheirismo, o baixo rendimento dos alunos, a mentira no ambiente escolar, o uso de drogas, os conflitos familiares e o analfabetismo equivalem nesta pesquisa um somatório de 12%.
Mas, como enfatiza Morin (2010 p.20), vive-se hoje um ‘buraco negro’ com profunda carência de nossas mentes, de nossa sociedade, de nosso tempo. E em decorrência do nosso ensino, ele considera a necessária a reforma do pensamento para que seja possível reformar o ensino. E ainda, com seus fundamentos  teóricos considera-se importante neste contexto da pesquisa, a reflexão que ele faz, a respeito da Ética do Gênero Humano, com a consciência da tríade: Indivíduo, sociedade, espécie, pois qualquer concepção do gênero humano significa o desenvolvimento conjunto das antinomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana. E no seio da tríade emerge a consciência, a Ética humana ou antropo-ética, base para ensinar a Ética do futuro. (MORIN, 2002)
Estas concepções do autor são imprescindíveis ao processo de construção deste conhecimento que foi abordado pela pesquisa, pois somos coprodutores dos processos que acontecem na sociedade. Assim, a consciência e o espírito humano, bem como, o ensino da compreensão humana são inseparáveis.  Portanto, pode-se concluir que, há muito que se fazer, para que haja um ambiente mais propício ao processo de formação e gestão de pessoas, nas instituições públicas deste Vale de Águas Doces[1].
Discussão
De acordo com Freire (1997), em Pedagogia da autonomia, ensinar exige ética, mas como desenvolvê-la no contexto da gestão escolar? Acredita-se que incorporara estes valores e demonstrá-los é papel de todos os que primam por uma sociedade mais harmoniosa. Que tal aperfeiçoar seus valores, praticando-os de modo consciente em seu dia a dia?
Morin (2010 p.20), considera um ‘buraco negro’ os dias atuais, com uma falha intensa em  na mente dos povos, da sociedade e do período em que se vive. Desta forma, ele enfatiza a falha no ensino, e analisa a imprescindível  reforma do pensamento para que seja possível reformar o ensino. Reformar o pensamento da maioria pode ser possível nos locais onde se processa as construções do saber e jogos cooperativos. Mas o difícil é a máquina governamental se preocupar e acompanhar todo este processo de reforma, pois muitos estão  mais envolvidos  com a luta pelo poder e a manutenção nos cargos eletivos. E a violência e indisciplina são visíveis nestes cargos, que deveria representar e incorporar os valores Éticos para dar exemplo às micros e macros sociedades.
Com base nos fundamentos de Libâneo (2011), o professor colocar em prática as suas convicções, seu conhecimento da realidade, as competências pessoais e profissionais, com permutas entre os colegas pode não ser tão difícil. No entanto, o difícil é a escola ser local do de aprendizagem coletiva, se não há exemplo daqueles que se dizem representantes e poderiam ser o espelho do povo? E a mídia apresentar constantemente suas aberrações no plenário do Planalto Central.
Ainda com respeito da Ética do Gênero Humano e a consciência da tríade: Indivíduo, sociedade, espécie, de Morin (2002), a concepção do gênero humano significa o sentimento de pertencer à espécie humana e não ao reino dos irracionais. Por isso, no seio desta tríade deveria emergir realmente, a consciência e a compreensão humana, não como base para ensinar a Ética do futuro, mas como  incorporação atual destes valores.
Portanto, um modo de agir coletivo em favor da formação dos alunos exige que se leve a sério os exemplos “Éticos’’ de nossos representantes”.
Conclusão
Se a indisciplina, a violência, o desrespeito, o bulling e a falta de ética estão no topo dos pontos de melhoria da gestão escolar, há que se investir urgentemente em projetos que primem pelo resgate dos valores éticos, porque a ética foi discutida pela Filosofia desde a Antiguidade, e a filosofia como a área das ciências humanas que abrange o questionamento da realidade está inserida no processo educativo na medida em que a indagação é a mola propulsora de toda a produção do conhecimento. A Ética por sua vez é o ponto fundamental no processo educativo, pois norteia as relações e os conhecimentos de modo que os valores morais, tais como, a responsabilidade, o respeito e o compromisso com o processo de formação do caráter não sejam desprezados ou impostos. Ela deve estar presente tanto na produção do conhecimento, quanto na relação entre os indivíduos sociais envolvidos nos processos de aprendizagem.
A Ética é o desenvolvimento da conduta moral. Dessa forma, os gestores, coordenadores dos processos educativos, necessitam primar por um ambiente ordenado e orientado para as tarefas em que os alunos trabalham, com um ambiente atraente e calmo e respeitoso. E o bom estado de conservação e manutenção associado aos padrões mais altos de desempenho e comportamento, com um trabalho atraente, estimulante e com exibição das atividades dos alunos melhoram a moral, o estímulo ao autocontrole, nisso é fundamental o incentivo positivo. Porque o conhecimento é uma construção cultural, e todos nós somos seres com necessidades de aprimorar a cada dia.
Portanto, a existência da Ética na gestão pública está associada à moral, aos valores como pessoa, e o ser humano se edifica à medida em que propõe a si mesmo, o seu código de ética pautado nestes valores e sentimentos que orientam o seu proceder, quer na instituição educativa ou em qualquer local por onde estiver, não importa o lugar nem o momento, ser ético é questão de atitude e incorporação destes valores para o seu bem estar e de toda a humanidade.
Referencias bibliográficas
CAMPOS P., Maria Helena. Modelo para proyecto educativo basado en el planeamiento compartido y en las relaciones interdisciplinarias. Havana, Cuba: ISPEJV, 2002. (Dissertación de Maestria).
CHAVIANIATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro, Campus: Elsevier, 2004.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo: na Educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social, político, religioso e governamental.  Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, Brasil. 1991. p.203
LIBÂNEO, José Carlos (et al). Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10ed. São Paulo: Cortez, 2011. 402p.
MORIN, Edgar. A Cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 18ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 128p
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3a. ed. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2002

[1] CAMPOS Pereira, Maria Helena. A existência da Ética na Gestão Educacional Pública: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia. Governador Valadares: UNIPAC, 2011.


Enquanto o calor atear

                                                                Enquanto o calor atear
                                                                                  Maria Helena Campos Pereira[1]
Enquanto o calor atear
O oceano bramar
A poeira levantar
Eu a imaginar ….
Calor de arrebentar
Muita gente a se abanar
Ventos sopram lá e cá
No vai e vem da vida
Enquanto o calor atear
A pedra esquentar
Os  asas delta a  saltitar
As nuvens  a  colorear
Fico a imaginar
Quanta gente a viver
Com ar  puro e a sofrer
No inverno e no verão…
Muita poluição!
Violência na multidão
Drogas, vidas no ribeirão
Corpos frios, mentes no chão…
Ita, vida que beleza
Tu és de eterna grandeza
Ao teus pés tudo é alegria
Na época dos bóias frias…
Valas…, dares  aos teus pés
Deste apoio a multidão
Gente de todas as raças
 Idades e de turbilhão…
Teus vales são de calor
Vento forte  e muito amor
Montanhas e Minas a borbulhar
Que afagam o benfeitor…
Com fagulhas e bom humor
Estratégias de abrigar
Enquanto o calor atear
Fico a imaginar, povos a bramar!
Para a vida  atenuar.


[1] CAMPOS Pereira, Maria Helena. Enquanto o calor atear. Poema dedicado aos Mineiros, a Itabirinha e a Governador Valadares. GV: Conte, 2010.