ÉTICA NA GESTÃO PÚBLICA: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/2011

A EXISTÊNCIA DA ÉTICA NA GESTÃO EDUCACIONAL PÚBLICA
Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/ 2011
Prof. Maria Helena Campos Pereira

Resumo
Este texto tem como objetivo relatar uma investigação a respeito da existência da Ética nas instituições  públicas  do Vale do Rio Doce para que as alunas do Curso de Pedagogia possam se inteirar dos temas de interesse e assuntos graves, urgentes e tendenciais no contexto da rotina educacional. A partir de então, propor alternativas metodológicas que contribuam com as melhorias no campo educativo. Fundamentou-se nas concepções de Chiavenato (2004), quanto à administração dos novos tempos, em Libâneo (2011), no que diz respeito às políticas, estrutura e organização da educação escolar. E para alcançar os objetivos propostos realizou-se a investigação-ação com levantamento das dificuldades enfrentadas pelas instituições educativas.
Introdução
Entende-se que nestes tempos contemporâneos, com a desestrutura familiar devido a busca contínua por bens materiais em outros países, assim como, o avanço da tecnologia e o desenvolvimento precário em diversas regiões brasileiras, tem causado certa revolta na população, daí surgem os vândalos e outras diversas ações brutais no campo social e obviamente ‘nas micros e macros’ sociedades. As organizações educativas públicas tem sido a maior vitima dos problemas sociais, talvez por ser uma instituição que recebe o público em geral e não tem condição de construir as suas normas específicas, pois tudo depende da máquina governamental, que mesmo sendo normatizada pela Lei da Democracia, no Artigo 1° da Constituição Federativa do Brasil, nem todos conseguem mudar as ações que são impostas pela máquina estatal.
Até mesmo a gestão dos processos educativos, que deveria lutar por uma liderança  eficaz com transparência, poderia ter ações mais éticas com formas de trabalhos democráticos, são na maioria das vezes autocratas, injustas, utilizam avaliações  de desempenho com julgamentos pouco cuidadosos. Isto pode causar muitas vezes a falta de respeito entre os profissionais da educação e consequentemente, ser perceptível aos olhos dos educandos e familiares. Em consequência surge a indisciplina, a violência, o bulling dentre outros.
Dessa forma, este texto tem como objetivo realizar uma investigação a respeito da existência da Ética nas instituições públicas do Vale do Rio Doce para que as alunas do Curso de Pedagogia possam se inteirar dos temas de interesse e assuntos graves, urgentes e tendenciais no contexto da rotina educacional. E a partir de então, propor alternativas metodológicas que contribuam com as melhorias no campo educativo. Fundamentou-se para isso, nas concepções de Chiavenato (2004), quanto à administração  dos novos tempos, em Libâneo (2011), no que diz respeito às políticas, estrutura e organização da educação escolar. De acordo com este autor,
A escola é local do trabalho docente, e a organização escolar é espaço de aprendizagem da profissão, no qual o professor põe em prática suas convicções, seu conhecimento da realidade, suas competências pessoais e profissionais, trocando experiências com os colegas e aprendendo mais sobre o seu trabalho. O professor participa ativamente da organização do trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos alunos. (LIBÂNEO, 2011 p.307)
Então, se existe uma coparticipação entre a gestão e os profissionais da instituição educativa, faz-se necessário o incentivo ao trabalho em equipe e coletivo porque quando há união coparticipante, o compromisso é maior e o ensino da compreensão pode ter maior significado.
E de acordo com os fundamentos de Chiavenato (2004), o mundo está mudando com uma velocidade espantosa e as organizações também. Por isso, os novos tempos exigem novas posturas e novas soluções para os problemas que, cada vez mais, envolvem diagnóstico, criatividade e inovação, comprometimento das pessoas, e fundamentalmente, competência, liderança, comunicação e motivação. Para tanto, faz-se necessário uma gestão menos autocrata, mas com democracia, onde o diálogo possa ser o método utilizado por todos para que possam esboçar e alcançar os objetivos e metas propostas.
E para alcançar os objetivos desta pesquisa realizou-se a investigação-ação com observação, análise e diálogo paralelamente ao levantamento das dificuldades enfrentadas pelas instituições educativas e com a dinâmica pedras e luzes, a qual tem por fundamento básico diagnosticar os problemas, que são representados pelas pedras, e apresentar as possíveis soluções para estes problemas, as quais são representadas pelas luzes.
Metodologia e resultados
Em um primeiro momento, a professora de Gestão de Processos Educativos do curso de Pedagogia iniciou os trabalhos com uma dinâmica intitulada por ela de Pedras e luzes, com a qual os acad6emicos tiveram a oportunidade de levantar os problemas contextuais, discutir em grupo e apresentar as possíveis soluções para os pontos de melhoria das escolas públicas onde trabalham.   A metodologia utilizada no contexto do trabalho foi a observação, análise, participação em reuniões e questionamentos a respeito dos assuntos. O diálogo como método fundamental esteve presente nas diversas ocasiões.
Ética na gestão pública: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia – UNIPAC – GV/ 2011

Este gráfico representa uma pesquisa realizada com acadêmicos do 7° período do Curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos – Fupac de Governador Valadares, onde se indagou uma amostra de 28 pessoas, da população de 31 acadêmicos investigados, no 2° semestre do ano de 2011.
Como se pode verificar, a indisciplina aparece no topo da pesquisa representando 64% dos problemas vividos na escola, a violência com uma equivalência de 47%, o desrespeito significa um percentual de 32%, a falta de Ética e de qualificação profissional equivalem a 21% dos pontos de melhoria na gestão escolar.
Mas, se somarmos o percentual de violência com 47%, a falta de respeito equivalente a 32 %  e os aspectos não éticos com 21%. A existência da Ética, ou seja,  a percepção dos acadêmicos do Curso de Pedagogia quanto aos conceitos não Éticos na gestão escolar seria equivalente a 100% das dificuldades enfrentadas.
Isto significa que os demais problemas, como o desinteresse de alunos e professores, as metodologias arcaicas e os demais como a falta de cooperação, o companheirismo, o baixo rendimento dos alunos, a mentira no ambiente escolar, o uso de drogas, os conflitos familiares e o analfabetismo equivalem nesta pesquisa um somatório de 12%.
Mas, como enfatiza Morin (2010 p.20), vive-se hoje um ‘buraco negro’ com profunda carência de nossas mentes, de nossa sociedade, de nosso tempo. E em decorrência do nosso ensino, ele considera a necessária a reforma do pensamento para que seja possível reformar o ensino. E ainda, com seus fundamentos  teóricos considera-se importante neste contexto da pesquisa, a reflexão que ele faz, a respeito da Ética do Gênero Humano, com a consciência da tríade: Indivíduo, sociedade, espécie, pois qualquer concepção do gênero humano significa o desenvolvimento conjunto das antinomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana. E no seio da tríade emerge a consciência, a Ética humana ou antropo-ética, base para ensinar a Ética do futuro. (MORIN, 2002)
Estas concepções do autor são imprescindíveis ao processo de construção deste conhecimento que foi abordado pela pesquisa, pois somos coprodutores dos processos que acontecem na sociedade. Assim, a consciência e o espírito humano, bem como, o ensino da compreensão humana são inseparáveis.  Portanto, pode-se concluir que, há muito que se fazer, para que haja um ambiente mais propício ao processo de formação e gestão de pessoas, nas instituições públicas deste Vale de Águas Doces[1].
Discussão
De acordo com Freire (1997), em Pedagogia da autonomia, ensinar exige ética, mas como desenvolvê-la no contexto da gestão escolar? Acredita-se que incorporara estes valores e demonstrá-los é papel de todos os que primam por uma sociedade mais harmoniosa. Que tal aperfeiçoar seus valores, praticando-os de modo consciente em seu dia a dia?
Morin (2010 p.20), considera um ‘buraco negro’ os dias atuais, com uma falha intensa em  na mente dos povos, da sociedade e do período em que se vive. Desta forma, ele enfatiza a falha no ensino, e analisa a imprescindível  reforma do pensamento para que seja possível reformar o ensino. Reformar o pensamento da maioria pode ser possível nos locais onde se processa as construções do saber e jogos cooperativos. Mas o difícil é a máquina governamental se preocupar e acompanhar todo este processo de reforma, pois muitos estão  mais envolvidos  com a luta pelo poder e a manutenção nos cargos eletivos. E a violência e indisciplina são visíveis nestes cargos, que deveria representar e incorporar os valores Éticos para dar exemplo às micros e macros sociedades.
Com base nos fundamentos de Libâneo (2011), o professor colocar em prática as suas convicções, seu conhecimento da realidade, as competências pessoais e profissionais, com permutas entre os colegas pode não ser tão difícil. No entanto, o difícil é a escola ser local do de aprendizagem coletiva, se não há exemplo daqueles que se dizem representantes e poderiam ser o espelho do povo? E a mídia apresentar constantemente suas aberrações no plenário do Planalto Central.
Ainda com respeito da Ética do Gênero Humano e a consciência da tríade: Indivíduo, sociedade, espécie, de Morin (2002), a concepção do gênero humano significa o sentimento de pertencer à espécie humana e não ao reino dos irracionais. Por isso, no seio desta tríade deveria emergir realmente, a consciência e a compreensão humana, não como base para ensinar a Ética do futuro, mas como  incorporação atual destes valores.
Portanto, um modo de agir coletivo em favor da formação dos alunos exige que se leve a sério os exemplos “Éticos’’ de nossos representantes”.
Conclusão
Se a indisciplina, a violência, o desrespeito, o bulling e a falta de ética estão no topo dos pontos de melhoria da gestão escolar, há que se investir urgentemente em projetos que primem pelo resgate dos valores éticos, porque a ética foi discutida pela Filosofia desde a Antiguidade, e a filosofia como a área das ciências humanas que abrange o questionamento da realidade está inserida no processo educativo na medida em que a indagação é a mola propulsora de toda a produção do conhecimento. A Ética por sua vez é o ponto fundamental no processo educativo, pois norteia as relações e os conhecimentos de modo que os valores morais, tais como, a responsabilidade, o respeito e o compromisso com o processo de formação do caráter não sejam desprezados ou impostos. Ela deve estar presente tanto na produção do conhecimento, quanto na relação entre os indivíduos sociais envolvidos nos processos de aprendizagem.
A Ética é o desenvolvimento da conduta moral. Dessa forma, os gestores, coordenadores dos processos educativos, necessitam primar por um ambiente ordenado e orientado para as tarefas em que os alunos trabalham, com um ambiente atraente e calmo e respeitoso. E o bom estado de conservação e manutenção associado aos padrões mais altos de desempenho e comportamento, com um trabalho atraente, estimulante e com exibição das atividades dos alunos melhoram a moral, o estímulo ao autocontrole, nisso é fundamental o incentivo positivo. Porque o conhecimento é uma construção cultural, e todos nós somos seres com necessidades de aprimorar a cada dia.
Portanto, a existência da Ética na gestão pública está associada à moral, aos valores como pessoa, e o ser humano se edifica à medida em que propõe a si mesmo, o seu código de ética pautado nestes valores e sentimentos que orientam o seu proceder, quer na instituição educativa ou em qualquer local por onde estiver, não importa o lugar nem o momento, ser ético é questão de atitude e incorporação destes valores para o seu bem estar e de toda a humanidade.
Referencias bibliográficas
CAMPOS P., Maria Helena. Modelo para proyecto educativo basado en el planeamiento compartido y en las relaciones interdisciplinarias. Havana, Cuba: ISPEJV, 2002. (Dissertación de Maestria).
CHAVIANIATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro, Campus: Elsevier, 2004.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo: Edições Loyola, 1993.
GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo: na Educação e em outras instituições, grupos e movimentos dos campos cultural, social, político, religioso e governamental.  Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, Brasil. 1991. p.203
LIBÂNEO, José Carlos (et al). Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10ed. São Paulo: Cortez, 2011. 402p.
MORIN, Edgar. A Cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 18ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 128p
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 3a. ed. – São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2002

[1] CAMPOS Pereira, Maria Helena. A existência da Ética na Gestão Educacional Pública: Percepção dos acadêmicos de Pedagogia. Governador Valadares: UNIPAC, 2011.


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