Arquivo mensais:agosto 2016

POÉTICA E ‘ÉTICA RACIONAL’

                                         POÉTICA E ‘ÉTICA RACIONAL’

                                                                                O menino queria um burrinho para passear, um burrinho manso,                                               que não corra nem pule, mas que saiba conversar[1].

            Ao abordar sobre ética racional, nos faz refletir a respeito do poema, o menino azul, quando Cecília Meireles relata que o menino queria um burrinho manso e que soubesse conversar, nesta sua metáfora, ela parece referir justamente, a um ser irracional, o burrinho, mas com atitudes racionais, porque saber conversar e ser suave, é significativo para um ser humano que realmente precisa ser racional. O não correr  e nem pular, também pode significar a correria da vida e o ultrapassar os limites dos outros para alcançar a qualquer custo os objetivos individuais, porém, sem preocupar com as consequências do próximo, que nos parece uma ação antiética.

            Assim, a ética kantiana está centrada na noção de dever. Parte das ideias da vontade e do dever, conclui então pela liberdade do homem, cujo conceito não pode ser definido cientificamente, mas que tem de ser postulado sempre, sob pena de o homem se rebaixar a um simples ser da natureza. Kant também reflete, é claro, sobre a felicidade e sobre a virtude, mas sempre em função do conceito de dever. É famosa, na obra de Kant, sua formulação do chamado “imperativo categórico”, nas palavras: “Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal”. Kant reconhece que esta é apenas uma fórmula, porém ele, que gostava tanto das ciências e que não tinha a intenção de criar uma nova moral, estava apenas preocupado em fornecer-nos uma forma segura de agir. Sua ética é, pois, formal, alguns até dirão formalista.

            O pensador alemão, com seu imperativo categórico, forneceu, na prática, um critério para o agir moral, que diz, se queres agir moralmente, isto é, para Kant, racionalmente, o que aliás tu tens de fazer, age então; de uma maneira realmente universalizável. Aqui está o segredo da ética kantiana: A universalização das nossas máximas, em si subjetivas, é o critério. A moral kantiana, de certo modo, também pressupõe um conceito de homem, como um ser racional que não é simplesmente racional. Portanto, um ser livre, mas ao mesmo tempo atrapalhado por inclinações sensíveis, que ocasionam que o agir bem se apresente a ele como uma obrigação, como uma certa coação, que a sua parte racional terá de exercer sobre sua parte sensível. O dever obriga, força-nos a fazer o que talvez não quiséssemos ou que pelo menos não nos agradaria, porque o homem não é perfeito, e sim dual. Mas o dever, quando nos força, obriga a fazer aquilo que favorece a liberdade do homem, porque o homem é um ser autônomo, isto é, sua liberdade, no sentido positivo, consiste em poder realizar o que ele vê que é o melhor, o mais racional. Poder realizar significa: causar por vontade própria um efeito no mundo, ao lado das causas naturais que pertencem, como diz Kant, à maneira newtoniana, ao mecanismo da natureza.

            O homem, neste sentido, é legislador e membro de uma sociedade ética: é legislador porque é ele que vê o que deve ser feito, e é membro ou súdito porque obedece aos deveres que a sua própria razão lhe formula. Neste sentido, ele não tem um preço, mas uma dignidade, e é por isso, que a segunda fórmula do imperativo categórico diz para agirmos de modo a não tratar jamais a humanidade, em nós ou nos outros, tão somente como um meio, mas pelo menos  como um fim em si. Então, isso poderia chamar de uma ética do respeito à pessoa.

            Neste caso, por que não dizer também o respeito ao meio ambiente? Ou seja, o local onde vivem as pessoas, os bichos, as coisas. Dessa forma, podemos retomar o fragmento poético de Meireles que diz: o menino quer um burrinho que saiba inventar histórias bonitas, com pessoas e bichos, que saiba dizer o nome dos rios, das flores, e de tudo que aparecer.

            Portanto, a ética racional, que enfatizamos, também com as teorias kantiana, refere-se a este ambiente, onde existem seres humanos que são altruístas, equilibrados, que primam por um conhecimento integrado, global e humanista. Que mesmo em meio a tempestades, sempre há um lugar para a subjetividade e a poética, como forma de se trabalhar e vivenciar a ética e prática educativa.

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* Prof. Dr. Alvaro L. M. Valls.Dep. Filosofia – UFRGS.                                                                                  ** Adaptado por CAMPOS  P., Mª Helena. Ética e prática educativa. Governador Valadares: UNIPACGV, 2016                                                                                                                                            [1] MEIRELES, Cecília. O Menino Azul. Poema infanto juvenil.

Ética e diversidade cultural na sala de aula.

A DIVERSIDADE CULTURAL BRASILEIRA EM SALA DE AULA[1]

        A cultura de um povo é formada por vários elementos, como crenças, ideias, mitos, valores, danças, festas populares, alimentação, modo de se vestir, entre outros fatores. É uma característica muito importante de uma comunidade, pois a cultura é transmitida de geração em geração e demonstra aspectos locais de uma população.

     O Brasil, por conter uma grande dimensão territorial e uma população numerosa e miscigenada, com grande quantidade de descendentes de europeus, africanos, asiáticos e índios, apresenta uma vasta diversidade cultural no seu povo.

        Esse é um tema de extrema importância e deve ser abordado em sala de aula, pois os alunos devem ter conhecimento da diversidade cultural do país e saberem a origem de festas folclóricas, culinária, crenças e todos os tipos de manifestações culturais, fortalecendo ainda mais o processo de valorização dos costumes locais, contrapondo a tentativa de unificação de uma cultura de massa imposta pelos meios de comunicação.

    Ao abordar a pluralidade cultural do Brasil, o professor deve promover no aluno o sentimento de valorização cultural do país, além do reconhecimento e respeito das diferentes culturas, e mostrar que não existe uma melhor ou mais desenvolvida que a outra.

       Deve-se esclarecer o conceito de cultura e citar os principais elementos que configuram a cultura de um determinado local. Questione os alunos sobre os aspectos culturais do Brasil e os principais povos responsáveis pela disseminação cultural.

       Feito isso, divida a turma em cinco grupos, sendo cada um responsável por uma Região do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste, Sul), onde aspectos culturais de cada Região deverão ser pesquisados. Os alunos poderão realizar estudos sobre a culinária típica, danças, festas populares, manifestações religiosas, de forma que o potencial de cada grupo seja explorado ao máximo.

     Posteriormente, promova apresentações dos grupos, abordando as principais manifestações culturais e os povos responsáveis pela propagação cultural de cada região pesquisada. Se possível apresente vídeos das atividades realizadas.

    Após as apresentações reúna os trabalhos de cada grupo e monte uma revista, de forma que os alunos tenham material sobre a cultura brasileira, e o que é mais importante, produzido por eles mesmos.

  A professora sugere também que pode-se produzir cartazes e ou livrinhos para que o conhecimento possa ser arquivado e socializado. Além disso, a possibilidade de realização de um seminário, ou teatros ou exposições com base no interesse de cada grupo. De acordo com Édouard Claparède, “Uma criança não é uma criança para ser pequena, mas para tornar-se adulta”  e “Toda conduta é ditada por um interesse; toda ação consiste em atingir o objetivo que é mais urgente naquele momento determinado”

     Portanto, ao realizar as tarefas em sala de aula com os alunos é de fundamental importância que se busque um acordo entre os aprendizes e seus interesses em pesquisar e discorrer sobre os assuntos correlatos à temática em foco, e ainda para que possam estar mais motivados, porque foram ouvidos pelos coordenadores do processo.

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[1] Por Wagner de Cerqueira e Francisco, Graduado em Geografia. Com adaptações de CAMPOS, Mª Helena C. P. Prof. de Ética e pratica educativa. Tema: Ética e diversidade cultural na sala de aula  para a educação  básica. Gov. Valadares: UNIPAC GV, 2016