Arquivo mensais:março 2013

INSTRUMENTOS DA MUSICALIDADE

Filosofia das relações humanas para jovens e adolescentes                                                                                   

Maria Helena Campos Pereira

 Doutoranda UMA
maria-helenacampos@hotmail.com
Resumo


Instrumentos da musicalidade, faz parte das construções textuais elaboradas para se trabalhar Filosofia para jovens e adolescentes, com o objetivo de se discutir as reflexões relacionadas às ideias e questionamentos, a respeito dos valores Éticos, a partir de expressões metafóricas construídas com instrumentos musicais que representam e dão cor à vida. Fundamenta-se em Cury (2002), com a sua ideia do ser humano ser ator principal no palco da vida e Chauí (1995), um convite ao filosofar. A resposta não é fácil porque cada um tem suas características próprias e sofrem influências marcadas pelo meio, no entanto, a metodologia empírica, dialética e construtivista tem colaborado para que as ações etnográficas se tornem reais e possibilitem a uma autorreflexão, na tentativa de sermos agentes da transformação sócio educacional.


Palavras chave: Filosofia, musicalidade, relações humanas.

INTRODUÇÃO

Somos os instrumentos que devem ser
afinados para a melodia da vida.


A musicalidade faz parte da vida, somos os instrumentos que dão o toque especial  para a nossa sobrevivência, o toque pode ser as inúmeras possibilidades de ajuda ao próximo e a si mesmo, inclusive ‘a capacidade de aceitar a realidade humana, com todas as suas mazelas e limites, e se não quisermos sofrer, principalmente de depressão, o ideal é nos amar incondicionalmente, desenvolver o nosso potencial, aquilo que somos e crescer cada vez mais’2 procurar formas alternativas de melhorar nossa vida a cada dia, isso é importante, necessário e  fundamental para a participação na orquestra e sinfonia da vida.
O ideal é garimpar ouro no solo de seu ser 3, mas nem todos conseguem, pior é conseguir participar da orquestra sinfônica em que cada pessoa está inserida, e muitas vezes, nem percebemos que somos importantíssimos nesta grande orquestra. Os diversos instrumentos se inserem na diversidade musical, o maestro dá o tom e sem percebermos, aí estamos a tocar, pular, dançar, saltitar e a cantar.
Tocamos tudo e em tudo no início da vida, queremos conhecer os mínimos detalhes, a descoberta faz parte do toque inicial de cada instrumento que compõe a sinfonia, mas somos ainda pequenininhos, queremos afeto e dedicação. Pulamos pra lá e pra cá, mas quem disse que instrumento não pula! Nas mãos de músicos maestros experientes, o pular se insere no processo de desenvolvimento da vida, na aprendizagem do toque e da convivência, que nos impulsiona ao dançar.

Dançar é uma das artes corporais que envolve a grandiosa expressividade do ser, e a vida é uma dança contínua, o saltitar faz parte desta arte que nos estimula ao caminhar, que é mesclado pela adrenalina da vida, mesmo ao deparar com limites e percebemos ser temporários, estúpidos, confinados pelo tempo, nos rejeitamos e notamos inferiores.
Neste contexto, os instrumentos da dança somos nós, que inundamos o mundo com todos os batuques, clamores, sonhos e esperanças, somos os instrumentos da musicalidade para a dança da vida, os banjos, pandeiros, sanfonas, gaitas, violões, guitarras e pianos. Contudo, conseguimos encontrar a rima na arte de viver e conviver, ainda que tenhamos de bambolear e cantar, de soletrar a grafia e ouvir o tom, que pode não ser interessante para os nossos objetivos de vida. Mas, é essencial o  raciocínio de que, não só de episódios grandiosos, como a fama, que pode viver o ser humano, porém da convicção de que, nos momentos mais difíceis podemos escrever os melhores textos, compor experiências de nossas vidas, que poderão ser socializadas e investigadas por uma longa jornada. Assim questiona-se.


Quais são os instrumentos da musicalidade?

Ao responder esta questão, deve-se entregar aos alunos, uma figura de instrumento musical, e dialogar com eles, a respeito da importância destas ferramentas sonoras em nossa vida. Solicitar que se coloquem no lugar de pelo menos um instrumento, fazendo um jogo de imaginação. Orientar quanto à leitura textual referente ao tema para melhor entendimento dos instrumentos musicais, em seguida sugerir que elaborem questionamentos e dúvidas a respeito  da leitura, solicitar que registrem as ideologias filosóficas relacionadas aos instrumentos sonoros e à vida. As experiências vividas no dia a dia, de cada ser humano, o faz ser assim, meigo ou severo, pacífico ou feroz, mas é preciso saber controlar as reações e emoções, que se instaura no complexo biopsicológico deste ser complexo.No entanto, o grupo musical Carrapicho contribui com esta nossa filosofia, ao cantar “a cor do meu batuque tem o toque tem o tom da minha voz,(..)vermelho, vermelhante, vermelhusco, vermelhão,.. até mesmo o comunista se aliançou, ao toque do rubor do meu amor…”


Aliança é o símbolo da união entre pessoas que se amam, mas como descreve os dez mandamentos da filosofia bíblica, amar ao teu próximo como a ti mesmo, isto é uma prática constante? O importante na vida é que se possa pelo menos buscar um toque especial à tonalidade da vida em comum.

Então, na realização deste trabalho, utilizou-se em sala de aula diversas figuras de instrumentos musicais, que foram entregues a cada participante e foi solicitado que respondessem as seguintes questões: qual é a cor do seu batuque e qual o tom da sua voz? À medida que a professora dialogava, com o propósito de instigar os alunos a pronunciar a respeito de seu instrumento, eles filosofavam de forma criativa, com base em seu instrumento musical. As alunas que representavam o piano, foram as primeiras a exporem suas reflexões.

O piano é um instrumento interessante e apaixonante, ele possui  muitas teclas pretas e brancas e nos dá o tom do leve ou agudo, mas sempre fazendo flutuar todos os que o escuta, a cor do seu batuque pode  ser branca,pois demonstra uma paz, levando-nos a viajar  na nota  que o maestro  nos  dá. O tom  da  minha voz é como um piano,  fino, leve, acolhedor e até mesmo pode acalmar aquele que o escuta. Todos  nós devemos ser como um piano, deixando que as outras pessoas  nos toquem, o  piano deixa  que as pessoas o toque a vontade, assim, ela demonstra todos os seus sentimentos com segurança, com isso, quem o toca, vai além e explora tudo que o piano oferece. (ALVES, 2013).

Talvez a leitura deste fragmento textual possa levar o leitor a inúmeras imaginações, inclusive aquelas que evidenciam a sexualidade, quando se exprime, deixar que todos os toquem à vontade, no entanto, essa sua versão significa, o toque do carinho, do afeto e da simplicidade ao viver em comunhão com as pessoas em um imenso flutuar de tons e melodias.Assim como, os demais instrumentos acredita-se poder movê-lo com o toque, da maneira em que cada um irá tocá-lo, ou seja, se o toque é calmo, o som despontará sereno, mas ao tocar com agressividade, o som será pesado, por isso, pode-se dizer que somos os instrumentos movidos frequentemente pelo toque. Às vezes, pode-se estar calmo e demonstrar aos outros uma paz enorme e um jeito carinhoso de ser, mas ao estar chateados, tem-se a capacidade de evidenciar sentimentos negativos e magoar a quem amamos. (AGUIAR, 2013)


Neste caso, o importante é recordar os instrumentos e melodias que parecem perpetuar com sua tamanha beleza, assim, Renato Russo se instrumentaliza com uma filosofia tão simples, mas, que talvez, possa ser muito difícil para aqueles que não valorizam verdadeiramente, o outro e a si, por isso “ é preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”.


O amanhã pode ser indeterminado, mas em comparações e metáforas a vida se imita ao piano, mesmo com teclas preta e branca, considera-se ainda de cor verde, cor  da esperança, de dias melhores, de sonhos e projetos. E o tom da nossa voz combina com este instrumento, voz que acalma, que pacifica, tranquiliza, sem desprezar os tons altos e firmes, que muitas vezes são necessários, porque cada qual tem o seu tom, o seu momento adequado à tonalidade da vida. (ROCHA, 2013)

Neste contexto, pode-se recordar Gonzaguinha, com seus tons melódicos que encantam a vida, porque somos nós que fazemos a vida como der ou puder ou vier, mas é preciso viver e não ter a vergonha de ser feliz.  Isto sim pode ser um instrumento da musicalidade, estar a conviver com as dificuldades terrenas e com os outros seres ao redor, todavia, sem acanhamento, sem timidez e tristeza, que pode nos assolar devido a muitas cantigas inadequadas no ar, que somente um toque de saxofone pode ser possível resolver e abrilhantar.

O saxofone é fino, de cor dourada que atrai os olhos humanos e fascina quem o admira, é leve, envolvente, apaixonante e contagia a pessoa que o manuseia. Quem toca esse instrumento, utiliza a alma e seu último fôlego. E o som da voz pode soar em seu toque, ao deparar com certas situações, baixo quando necessário, alto quando permitido.4
Com este fragmento é possível dizer que a admiração é uma das grandes qualidades de um filósofo, adicionada aos questionamentos, investigações e reflexões. Assim é a vida, fascinante aos olhos de quem a admira, envolvente com todas as suas tonalidades, quer ofusca ou intensa. É apaixonante viver e ter a coragem de ser feliz, a ponto de contagiar aqueles que se dizem não conseguir batucar, entretanto, utilizar o seu último fôlego, pode ser um ato de bravura, força e entusiasmo. Neste processo, como diz Chauí (1995 p.90), a investigação em busca da verdade confere aos seres humanos e ao mundo um sentido que não haveria se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Então, o meu batuque tem a cor dourada, por isso queria ser um saxofone, ele é fino e emocionante, tanto para quem toca quanto os que ouvem, os seus sons chegam aos nossos corações com tamanha felicidade, que comove a alma e o espírito. É um instrumento que faz parte da nossa vida, o seu som nos envolve e nos enche de alegria. Além de acalmar, toca o mais íntimo do coração das pessoas, fazendo-as se emocionarem e a viajar por lugares desconhecidos.Ele pode tocar no tom da minha voz e trazer harmonia e sintonia aos ouvidos de quem ouve. (FIGUEIREDO & MENEZES, 2013)


Talvez seja impossível definir as faculdades ‘saxofônicas’ aos toques de uma sanfona, não obstante, entende-se que a cultura de um povo é a sua marca organizacional, assim é este instrumento, significativo para o povo que o cultua, deste modo Pomarolli (2013), a define.

A sanfona não é um instrumento que me atrai  musicalmente, no entanto, nos remete às nossas origens, às raízes  culturais.  Além disso,  possui  as características  de se adaptar às situações e aos contextos diversos que se apresentam.5

Este aluno ao responder a respeito da cor de seu batuque, ele diz ser a cor verde porque remete à transformação, metamorfose, vitalidade, esperança, capacidade de modificar o ambiente e modificar-se por ele. E, quanto ao tom da sua voz, afirma que é o tom da busca, da relação transcendental, da sintonia entre o sensível e o inteligível, da força e da sensibilidade. (POMAROLI, 2013).


A bateria é outro instrumento musical que dá peso e predomina. Pode-se considerar que a sua cor e seu batuque tem a tonalidade vermelha, porque é marcante e sobressai entre muitos outros banjos, agita o ambiente, dá o ritmo, alegra, traz equilíbrio para a música. É forte e reflete o amor que cresce a cada dia dentro de nós. Em alguns aspectos, significaria muito ser uma bateria, ela é envolvente e marcante, sem o seu som as músicas ficam sem graça e desmotivadas. Um ponto negativo e que teria medo, é que a bateria apanha muito dependendo do ritmo, assim é preciso  ter coordenação motora para tocar com a vida, para conseguirmos os sentimentos e o jeito de ser, mas pensando bem é depois das batidas que vem a afinação. No entanto, o tom de minha voz é suave quando há necessidade, é mais alta, forte e vibrante, se a musicalidade solicita, é alegre e traz esperança aos que escutam.

Em contradição ao toque da bateria, busca-se no tom da base um toque especial, tal qual a tonalidade da vida, o violão é assim, círculo de amizades que se fortalecem com a camaradagem e envolvimento peculiar. E reafirma Almeida e Ferreira (2013), à tonalidade de um violão.

A cor do meu batuque é branca, neutra e o tom da minha voz é tal qual o violão, muda as notas de acordo com a música e o ambiente, do jeito que tocar eu danço, e conforme melhor se toca mais se envolve no ritmo. O violão é base, próprio para qualquer hora e momento, nada melhor que um violão em uma roda de amigos, pode ser um grande companheiro em horas de solidão. Seu formato é elegante, sensual, sua musicalidade emociona e dependendo de quem o toca, pode ter um toque delicado ou estridente, o que decide é o momento e a ocasião.7

Este aprendizado de construções filosóficas, com o foco para crianças e adolescentes pode contribuir com o despertar destes estudantes na produção de textos significativos, que se iniciam a partir de instrumentos concretos, mas que transcendem a realidade, com ilustrações que usem recursos das figuras estilísticas e a estética textual ganhe significado real e simbólico ao mesmo tempo, na tentativa de que o ser humano se encontre nesse meio sinfônico, que faz da vida uma verdadeira orquestra.


Somos assim, às vezes barulhentos ou serenos, mas só a morte é silenciosa. O importante é que a música da vida esteja presente em todos os momentos, mesmo com teclas entrelaçadas e multicores, somos os instrumentos, que fazem parte da musicalidade em que vivemos. Nosso lugar é no anfiteatro da grande orquestra, bem lá encima, com todos os nossos toques e músicas especiais, que dão a tonalidade e o equilíbrio para a nossa sobrevivência.

Reflexões filosóficas

· Quais são os instrumentos da musicalidade e quem deve estar afinado para a melodia da vida?
· Por que os diversos banjos, pandeiros, sanfonas, gaitas, violões, guitarras e pianos na musicalidade da vida? Como pode ser cada um?
· Como garimpar ouro no solo de seu ser?
· Porque somos importantíssimos na grande orquestra?
· Explique: a descoberta faz parte do toque inicial de cada instrumento, que compõe a sinfonia?
· A vida é uma dança contínua por quê? E o que você entende por aprendizagem do toque?
· O que significa “inundarmos o mundo com todos os batuques, clamores, sonhos e esperanças”?
· Discuta o que significa: “ainda que tenhamos de bambolear e cantar, de soletrar a grafia e ouvir o tom, que pode não ser interessante para os nossos objetivos de vida”.
· A música pode estar presente em todos os momentos, com teclas entrelaçadas e multicores?
· Por que o nosso lugar é no anfiteatro da grande orquestra, bem lá encima, com todos os nossos toques e músicas especiais?
Referências

CAMPOS, Maria Helena. Las relaciones interdisciplinarias en los proyectos educativos. M. H. C. Pereira é mestre em Ciências da Educação, pelo Instituto Superior Pedagojico Enrique Jose Varona. Havana, Cuba, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: 1995.
CURY, Augusto. Seja líder de si mesmo: o maior desafio do ser humano. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.
ROBERTO, Antonio. Inferioridade: Antonio Roberto e você. Belo Horizonte: Jornal Aqui, 08/03/2013.
1 CAMPOS, M. H. Instrumentos da musicalidade. Maria Helena Campos Pereira, mestre e doutoranda em Ciências da Educação, professora de Filosofia para crianças e adolescentes, no Curso de pedagogia da Universidade Presidente Antonio Carlos. Governador Valadares: UNIPAC, 2013.
2 ROBERTO, Antonio. Inferioridade: Antonio Roberto e você. Belo Horizonte: Jornal Aqui, 08/03/2013.
3 ALVES, Aline Franciele F. & AGUIAR, Maria da Penha Alves de. & ROCHA, Michelle Lousada. Piano. Filosofia para crianças e adolescentes /6º Pedagogia 2013/1. Governador Valadares: UNIPACGV, 2013.
4 GOMES, Nair Alves Pedro & MARTINS, Taíze da Silva Alves. & FIGUEIREDO, Márcia Aparecida & MENEZES, Cibele Vieira. Saxofone. Filosofia para crianças e adolescentes /6º Pedagogia 2013/1. Governador Valadares: UNIPACGV, 2013.
5 POMAROLI, Rafael Perini P. Sanfona. Filosofia para crianças e adolescentes /6º Pedagogia 2013/1. Governador Valadares: UNIPACGV, 2013.
6 MONTUAM, Denise M. Alexandre & BORGES, Elen Barbosa Pereira. Bateria. Filosofia para crianças e adolescentes /6º Pedagogia 2013/1. Governador Valadares: UNIPACGV, 2013.
7 ALMEIDA, Risoleta Vilarino de. & FERREIRA, Tatiane Helena. Violão. Filosofia para crianças e adolescentes /6º Pedagogia 2013/1. Governador Valadares: UNIPACGV, 2013.

INDEPENDÊNCIA, ALIENAÇÃO E TRABALHO ESCRAVO

                                                                   Maria Helena Campos Pereira

           A arte de interpretar, questionar e refletir, a respeito das ações contidas em uma imagem faz parte do mundo filosófico, mesmo porque um bom filósofo dever ser um exímio admirador.
           No contexto da imagem, pergunta-se, será que a independência é realmente um fato real desde os primordios da civilização? O que você entende por trabalho escravo e qual a relação existente com a alienação? Por que os homens ignoram que são os criadores da sociedade, da política, da cultura e agentes na construção da História? Diz Max, que os homens fazem a História, mas não sabem o que fazem.
           Ser agente do processo faz parte da independência e democracia, e estas são palavras que se relacionam, mas é difícil ser independente se não há diálogo entre as partes. Entender que a nossa vida melhorou muito depois da independência é só continuar pesquisando sobre o trabalho escravo, a discriminação social e as pessoas que são alienadas. A alienação social de acordo com Max é o desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humana, e pelo peso de outras condições históricas anteriores, determinadas pelo julgamento dos atores e agentes da vida.           
          Somos alienados quando não conseguimos desvendar as ações que nos reprimem, os maníacos e loucos pelo trabalho, sem questionar as ações que lhe estejam prejudicando. Alienados são aqueles que fazem do chefe o seu sol, e nem sequer conseguem perceber as injustiças cometidas por ele a seu repeito.
            As ruidades que fizeram com os povos, desde o período da escravatura não devem continuar. Somos os fiscais da nossa escravatura, tudo depende de nossas ações e rotinas, tudo pode acontecer, mas é preciso ter fé, ter força e ter garra para não deixarmos ser enganados pelos dono do poder, porque o poder não pode tudo, abuso de autoridade afeta o desenvolvimento  e a iniciativa do ser humano.
           No contexto da independência é preciso construir um ambiente em que todos se sintam livres e seguros, até mesmo para dizerem se alguma coisa não vai bem ou se tudo está melhorando a cada dia. Ser independente é entender que não faz parte do trabalho escravo, é participar da construção da sua própria História sem endeusar o sol que está ao seu redor.
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CAMPOS P. Maria Helena. Independência, alienaçao e trabalho escravo.Maria Helena Campos Pereira é professora de Filosofia para crianças e adolescentes na Universidade Presidente Antonio Carlos. Governador Valadares: UNIPAC, 2013
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.

INSTRUMENTOS DA MUSICALIDADE[i]

                                           

Somos os instrumentos que devem ser
 afinados  para a melodia da vida.

A musicalidade faz parte da vida, somos os instrumentos que dão o toque especial para a nossa sobrevivência, o toque pode ser as inúmeras possibilidades de ajuda ao próximo e a si mesmo, inclusive ‘a capacidade de aceitar a realidade humana, com todas as suas mazelas e limites, e se não quisermos sofrer, principalmente de depressão, devemos nos amar incondicionalmente, desenvolver o nosso potencial, aquilo que somos, crescer cada vez mais[ii]’ procurar formas alternativas de melhorar nossa vida a cada dia, isso é importante, necessário e fundamental para a participação na orquestra e sinfonia da vida.
O ideal é garimpar ouro no solo de seu ser[iii], mas nem todos conseguem, pior é conseguir participar da orquestra sinfônica em que cada pessoa está inserida, e muitas vezes nem percebemos que somos importantíssimos nesta grande orquestra. Os diversos instrumentos se inserem na diversidade musical, o maestro dá o tom e sem percebermos, aí estamos a tocar, pular, dançar, saltitar, rebolar e a cantar.
Tocamos tudo, e em tudo no início da vida, queremos conhecer os mínimos detalhes, a descoberta faz parte do toque inicial de cada instrumento, que compõe a sinfonia, mas somos ainda pequenininhos, queremos afeto e dedicação.
Pulamos pra lá e pra cá, mas quem disse que instrumento não pula! Nas mãos de músicos e maestros experientes, o pular se insere no processo de desenvolvimento da vida, na aprendizagem do toque e da convivência que nos impulsiona ao dançar.
Dançar é uma das artes corporais, que envolve a grandiosa expressividade do ser, e a vida é uma dança contínua, o saltitar faz parte desta arte que nos estimula ao caminhar, que é mesclado pela adrenalina da vida, mesmo ao deparamos com nossos limites e percebemos que somos temporários, estúpidos, confinados pelo tempo, nos rejeitamos e notamos inferiores. Os instrumentos da dança somos nós, que inundamos o mundo com todos os nossos batuques, clamores, sonhos e esperanças, somos os instrumentos da musicalidade para a dança da vida. Somos os banjos, pandeiros, sanfonas, gaitas, violões, guitarras e pianos.
Contudo, conseguimos encontrar a rima na arte de viver e conviver, ainda que tenhamos de bambolear e cantar, de soletrar a grafia e ouvir o tom, que pode não ser interessante para os nossos objetivos de vida. Então, é essencial o raciocínio de que, não só de episódios grandiosos, como a fama pode viver o ser humano, mas da convicção de que nos momentos mais difíceis podemos escrever os melhores textos, com experiências de nossas vidas, que poderão ser socializadas.
O importante é que a música da vida esteja presente em todos os momentos, mesmo com teclas entrelaçadas e multicores, somos os instrumentos que fazem parte da musicalidade em que vivemos. Nosso lugar é no anfiteatro da grande orquestra, bem lá encima, com todos os nossos toques e músicas especiais, que dão a tonalidade e o equilíbrio para a nossa sobrevivência.
Objetivos

Instrumentos da musicalidade,  faz parte das construções textuais elaboradas para se trabalhar Filosofia com jovens/adolescentes, com o objetivo de se discutir  e as reflexões relacionados a ideias  e questionamentos, a respeito dos valores Éticos, que são expressões metafóricas imaginadas com instrumentos musicais, que representam e dão cor à vida.
Item do ementário
A construção do pensar como pressuposto para uma educação mais humana, participativa e significativa.
Reflexões filosóficas
  • Quais são os instrumentos da musicalidade? O que deve estar afinado  para a melodia da vida?
  • Por que os banjos, pandeiros, sanfonas, gaitas, violões, guitarras e pianos na musicalidade da vida? Como pode ser cada um?
  • Como garimpar ouro no solo de seu ser?
  • Porque somos importantíssimos na grande orquestra?
  • O que você entende por: a descoberta faz parte do toque inicial de cada instrumento, que compõe a sinfonia?
  • A vida é uma dança contínua, por quê?
  • O que é a aprendizagem do toque?
  • O que significa “inundarmos o mundo com todos os nossos batuques, clamores, sonhos e esperanças”?
  • Discuta com seus colegas o que significa: “ainda que tenhamos de bambolear e cantar, de soletrar a grafia e ouvir o tom, que pode não ser interessante para os nossos objetivos de vida”.
  • Como a música da vida pode estar presente em todos os momentos, com teclas entrelaçadas e multicores?
  • Por que o nosso lugar é no anfiteatro da grande orquestra, bem lá encima, com todos os nossos toques e músicas especiais?




[i]CAMPOS, Maria Helena. Instrumentos da musicalidade. Maria Helena Campos Pereira é mestre e doutoranda em Ciências da Educação, professora de Filosofia para crianças e adolescentes, no Curso de pedagogia da Universidade Presidente Antonio Carlos. Governador Valadares: UNIPAC, 2013
[ii]ROBERTO, Antonio. Inferioridade: Antonio Roberto e você. Belo Horizonte: Jornal Aqui, 08/03/2013.
[iii] CURY, Augusto. Seja líder de si mesmo: o maior desafio do ser humano. Rio de Janeiro: Sextante,2002.